Por Rafaela Viana

Se você nasceu antes dos anos 90, provavelmente sentiu o estrondoso impacto que foi a carreira de Xuxa Meneghel. Ou até mesmo nos anos 2000. Na verdade, basta estar vivo para saber quem é a rainha dos baixinhos e a verdade sobre ela: um case de sucesso entre o público infantojuvenil e, principalmente, infantil.

Recentemente o Globoplay disponibilizou uma série documental da carreira de Xuxa, deixando claro o seu tamanho na história e influência por gerações. A verdade é que, na época, o mercado cultural se moldou muitas vezes sob seus pés e até hoje sabemos exatamente quem ela é. E o que não sabíamos, o documentário mostrou.

Continue lendo e nos acompanhe em um flashback da vida de Xuxa e como ela influenciou padrões, música, estética e mercado publicitário nacional.

A linha do tempo do sucesso

Seu nome é Maria da Graça Xuxa Meneghel, nascida em Santa Rosa (RS) e criada a partir dos 7 anos no Rio de Janeiro. Começou como modelo em 1980, sendo capa de mais de 80 revistas, passando até mesmo uma temporada nos Estados Unidos. Mas foi em 1983 que começou como apresentadora na TV do “Clube da Criança”, na Rede Manchete, a convite do diretor Maurício Sherman.

Créditos: divulgação

Em 1986, Xuxa foi convidada para trabalhar na Globo como apresentadora do “Xou da Xuxa”, programa que deu mais palco para suas ideias, carisma, simpatia e irreverência. De lá, lançou vários CDs e com eles conquistou 130 discos de ouro, 52 de platina e 10 de diamante (mas logo vamos falar mais sobre isso).

Foi em 1992 que a apresentadora (cantora e atriz também, por mais que negasse os títulos) iniciou sua carreira internacional com dois programas na Argentina e Espanha. Até mesmo a TV Americana soube quem é Xuxa nos finais de semana de 1993.

1994 foi das telas brasileiras com o “Xuxa Park” e 1997 veio o “Planeta Xuxa”, com adolescentes como público-alvo. Mas nossa rainha dos baixinhos parou nesse mesmo ano por motivos maiores: gravidez! Nasce então em 1998 Sasha Meneghel e Xuxa só volta às telas em 2001.

O grande impacto em números

Agora vamos falar deles, que nunca mentem: os números. Foram lançados 35 álbuns de estúdio e 23 de vídeo, com um impressionante resultado de 50 milhões de cópias e discos. Xuxa foi a apresentadora de TV que mais vendeu discos em escala global, lotando estádios em seus shows e abraçando fãs fervorosos em todas as partes do mundo (e de todas as idades também).

Créditos: Facebook da Xuxa

Lembrando que Xuxa surgiu e fez um grande sucesso em uma época sem redes sociais ou internet no Brasil. “Xou da Xuxa”, “Xegundo Xou da Xuxa”, “Xou da Xuxa 3” e “4º Xou da Xuxa” estão entre os discos mais vendidos na história do Brasil, rendendo duas vitórias das seis indicações ao Grammy.

Ao todo, apresentou 16 programas de TV em diferentes emissoras, atingindo mais de 100 milhões de pessoas por dia. Nem mesmo o cinema escapou desse sucesso: foram 21 filmes, com uma bilheteria total de 37 milhões de espectadores. “Lua de Cristal” teve uma venda total de 4,1 milhões de ingressos, sendo assim um dos filmes nacionais mais assistidos da história.

Nostalgia e publicidade brasileira

Considerada uma das celebridades mais bem pagas do mundo pela Forbes em 1991 e 1993, Xuxa, em 2019, acumulou um patrimônio estimado em R$ 700 milhões na época. Os anos 90 foram tão culturalmente marcados, que hoje em dia nos deparamos com uma onda nostálgica na moda, TV, cinema, música e, claro: na publicidade.

Aproveitando essa nostalgia, Xuxa protagonizou campanhas publicitárias como rosto representante dessa época que tanto abraçou seu carisma nas telas. Impactando diferentes gerações, o que não faltam são memórias para relembrar, incluindo inúmeros produtos licenciados com seu nome (inclusive, a redatora que vos digita amava seu notebook da Xuxa).

O público que cresceu acompanhando esse sucesso deu espaço para estampar campanhas de cosméticos, e-commerce, streaming, operadoras, carros e muitas outras. Confira algumas propagandas com seu protagonismo:

Renault

Netflix

Vivo

Para além dos números e sucesso: o que o New York Times tem a dizer sobre Xuxa?

Recentemente, o New York Times também embarcou na nostalgia e publicou uma matéria sobre Xuxa como mais que uma apresentadora de TV, mas um fenômeno cultural. Com uma reflexão sobre um impacto mais amplo na sociedade brasileira, o documentário do Globoplay foi citado, apresentando questionamentos sobre diversidade e padrões de beleza vistos em seus programas.

Foto: divulgação/Blad Meneghel

No documentário, Xuxa reconheceu as limitações do seu programa na diversidade (principalmente na escolha das Paquitas), lamentando ter reforçado o “padrão Barbie” na TV. A apresentadora se responsabilizou por ter endossado esses padrões, ainda que não tivesse total influência em todas as decisões.

A matéria também destacou seu impacto cultural, mostrando as mudanças de Xuxa em torno de assuntos de cunho social. A eterna rainha dos baixinhos é engajada em causas como o direito dos animais, inclusão de pessoas surdas, além de ser uma forte aliada na luta contra o racismo e embranquecimento da cultura pop.

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Como figura pública e firmada na história da cultura pop do brasileira, Xuxa usa sua voz de forma responsável e humana, ainda influenciando gerações e contribuindo para conversas importantes sobre a sociedade. Para saber mais sobre a matéria do New York Times, clique aqui.

Uma vez ícone, sempre ícone

Considerada na época como “a Barbie brasileira”, é inegável que Xuxa deixou um legado de cultura, história, entretenimento e números impressionantes em uma época em que o digital não existia. E isso nos leva também a refletir sobre a relevância do marketing de influência.

Créditos: Shopee/Divulgação

Xuxa se tornou uma marca famosa mundialmente e impacta gerações mesmo mais de 30 anos após sua primeira aparição televisiva. A rainha não para e segue encantando.

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